sexta-feira, 12 de abril de 2013

Carta de alforria foi assinada, viva a PEC das domésticas!


MOMENTO DE REFLEXÃO E PONTO DE VISTA


No meu ponto de vista a injustiça social está começando a ser reparada no que tange às empregadas domésticas. Acho que isso é um resquício da escravatura. Em pleno século 21, temos pessoas assalariadas, às vezes recebendo menos que um salário minimo,  com uma carga horária absurda de trabalho que, em alguns casos, ou na maioria deles, não são reconhecidas pelos patrões. Aquelas pessoas que falam: - ela é praticamente da família, ao meu ver, é uma hipocrisia sem par, pois, numa relação trabalho e empregado o que impera é a vontade do patrão, quando você está servindo ótimo, caso contrário, péssimo, não serve mais. Esse amor desvelado só acredito de mãe para filho, pois até entre família, em inúmeros casos que conheço, não generalizando, quando há um idoso com vários filhos fica um jogo de empurra para ver quem vai cuidar dele, às vezes sobrecarregando um filho e olha que a mãe o criou e viveu a vida quase toda se doando para eles.  

Acredito na faceta humana do altruísmo e da generosidade, contudo esses caracteres são raríssimos, em alguns casos são até canonizados, como Madre Teresa de Calcutá que abriu mão de todo valor econômico  e de sua vida para viver em prol dos necessitados. Outro exemplo que cito é Gandhi.

Além disso, esse tipo de atitude, opressor x oprimido, se verifica em todas as esferas de relação de trabalho, entretanto na esfera das domésticas, a situação vai mais longe e profunda. Em um país subdesenvolvido como o nosso, em que temos um salário mínimo, quase de fome, e a doméstica, às vezes, não é respeitada em seu horário de trabalho, servindo o patrão de diversas formas, como cozinheira, arrumadeira, além de atribuir funções a mais no mesmo salario minimo, como a função de babá, pegar filho na escola. O desrespeito eleva-se quando a jornada de trabalho passa as 8 horas diárias. Depois do horário de trabalho participar de reunião da família, servindo os convidados da patroa até altas horas da noite, entre outras tarefas. A situação piora quando elas tem que dormir no emprego, por necessidade ou por acordo com a patroa,  os quartos são cubículos com monte de trecos, além de produtos de limpeza que são entulhados neles, que raramente tem janela para ventilação do ambiente e sempre ficam localizados próximos a cozinha (casa grande) mal comparando a uma senzala.

Uma curiosidade:  A cozinha no Brasil historicamente possui formato de separação da casa com paredes construídas em seu redor, justamente por essa ideologia permeada em seu bojo (senzala), mas velada, poucas pessoas conseguem vislumbrar o motivo real que levou a arquitetura traçá-la assim:  Um lugar destinado às empregadas, não às patroas. Hoje, vemos que a arquitetura lançou a moda, já que a revolução da questão social das empregadas começou a ganhar força, enaltecendo a cozinha americana, será por quê? porque lá, no país de primeiro mundo, ter um empregado doméstico é luxo extremo, somente os ricos conseguem pagar. Então, a cozinha é integrada à família, pois quem prepara as refeições é a mãe que fica reunida com a família,  perto da sala e todos participam das atividades domésticas, pois não se pode dar o luxo de ter uma pessoa à disposição de todos, para executar os trabalho que as vezes são pedidos de forma carinhosa, ocultando a exploração. Com isso, os arquitetos estão lançado a mão do espaço gourmet, nome pomposo, para desviar o foco e dar  status elevado a atual cozinha que antes era marginalizada, contudo, nos tempos atuais, será administrada pela a dona da casa, em função da nova configuração dos lares brasileiros.

Com esse movimento, inicialmente as discussões e o ponto de vista diferentes entrarão em conflito, no entanto nós iremos nos acostumar e educaremos nossos filhos com o novo paradigma da família brasileira em que todos participarão das tarefas do lar.

A contravenção irá existir, todavia é uma faca de dois gumes, pois o direito trabalhista é implacável, e sempre dá razão ao empregado. Caso esse empregado entre com uma ação judicial, a patroa terá que indenizá-lo, sim, sem muito que argumentar, pois quem trabalha para a legislação trabalhista, trabalha porque precisa e se sujeita dentro dessa relação.

A questão no que tange a domestica dormir no trabalho, só terá efeito de horas extras, caso ela seja acionada pelo patrão no período que começará o seu descanso. Caso não, pode dormir tranquilamente no emprego que não gerará ônus para o empregador. O patrão terá que fazer esse controle com os dois assinando para depois não ser contestado na justiça. Ela começará a trabalhar às 8h e parará  às 17h, com o intervalo da hora de almoço, sim, que agora será respeitado (algumas patroas tem a cara de pau de falar, minha empregada come na mesa comigo, com um discurso de superioridade, achando que isso já é o suficiente para submetê-la aos seus caprichos, faça-me o favor, se eu tenho uma patroa dessa, eu que não queria almoçar ao lado de uma mente tão medíocre e limitada). As empregadas, depois do horário de trabalho, mesmo dormindo na casa da patroa, poderão frequentar academia, estudar, namorar ou simplesmente bater papo com as amigas e voltar para a casa a hora que melhor lhe convier, não tendo que se preocupar em colocar o jantar ou lavar a louça,  tão pouco ficar acordada até altas horas para ninar o bebê que é o dever da mamãe. Em alguns casos, há patrões que já tem a consciência da humanidade que permite à empregada essas condições. Tais patrões, irão certamente continuar com elas, pois geralmente são pessoas ricas que esse salário não interferirá em nada em seu orçamento, diferentemente da classe média oprimida que ao pagar o salário com todos os direitos advindos da nova lei fará muita falta em seu orçamento, contudo quer bancar uma empregada sem condições, mas aceitando o que é veiculado pelo o discurso do "lugar comum" que é normal, todas aceitam e todos fazem assim, abrindo a boca para falar “minha empregada doméstica”. 

Uma forma injusta, pois essas pessoas são as primeiras a gritarem em seus postos de trabalho que estão sendo exploradas, mas não enxergam um palmo em frente em seu nariz, quando estão na condição de empregador. E o pior, ainda falam, “mas comigo é diferente”, diferente por quê, o ser humano é humano independente de formação ou função. Empregada doméstica é um ente e sente os mesmos dramas anímicos  e necessidades que qualquer outro na face da terra, só diferenciando do status externo que é o econômico.

Agora para aqueles que podem bancar uma, terá que se resguardar para ser fazer a justiça, tanto de um lado quanto do outro. Eu acredito  e torço que o governo lançará um pacote para fomentar a classe, incentivando as pessoas contratarem um empregado doméstico, a fim de evitar inúmeras demissões e enfraquecendo o setor.
  
A justiça social já deu o primeiro passo, agora vamos torcer que tudo se resolva da melhor maneira possível, pois assim caminharemos para um país de primeiro mundo e deixando para trás o ranço servil e a injustiça social que perdurou séculos.




Deixo esta reportagem da Revista Isto é aqui, cujo o título é "De doméstica a ministra", como um belo exemplo, infelizmente não é uma regra, sim uma exceção, mas que a partir de agora com esse reconhecimento, elevando a auto estima da classe, poderemos conscientizar as empregadas domésticas para sonhar e chegar aonde quiser e bem entender, bastando ter determinação em busca de um sonho!

10 comentários:

  1. Assino em baixo! !

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    1. Angelo, bom vê-lo por aqui, demonstrando sua manifestação, fico feliz. Bjks meu amigo!

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  2. muito bem! realmente o trabalho delas tem que ser reconhecido, e os direitos assegurados... infelizmente ainda vai ter muita gente na informalidade, já que as diaristas não entram na regra, mas já é um avanço.
    beijinhos....

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    1. Fran, estava com saudades! Então, acredito e torço para que tudo se resolva bem, o primeiro passo já foi dado. Em relação às diaristas, acredito que deverão valorizar mais seus passes, cobrando valores justos e maiores que dêem para elas pagarem suas automias, como um fucionário liberal, já que elas entrarão em alta, lei oferta e procura, uma vez que para bancar uma empregada mensalista ficará bem difícil. Momento de revolução. Obrigada por participar de um tema tão polêmico. Bjkas e fique na paz, querida.

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  3. Nossa Lu, ótima reportagem! As vezes pensamos que essas coisas só acontecem na imaginação, é realidade... Um horror!! Infelizmente...
    Bjão

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    1. Minha flor, obrigada pela participação. Bjkas e fique na paz.

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  4. Os direitos devem ser assegurados...
    Beijo.
    Ana

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    1. Obrigada querida por sua manifestação. Bjkas e volte sempre!

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  5. Finalmente houve justiça para as domesticas antes tão humilhadas, minha mãe trabalhou em uma casa onde ela não podia comer com os pratos e talheres da casa para não contaminar dizia a patroa ela saiu de lá chorando de tanta vergonha, Mas em contra partida existe também as empregadas malandras que usam as coisas das patroas e roubam a comida para levar para casa, como eu já pude ouvir diversas vezes dentro do ônibus muitas falando que levaram para casa , carnes, chocolates e produtos de limpeza e que usaram os cosméticos das patroas e riem e dizem:
    -Ela tem dinheiro não vai fazer falta para elas.

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    1. Seja muito bem vinda aqui no cantinho. Obrigada pela participação e exposição. Então, a lei elaborada foi feita para aquelas que antes estavam desamparadas e renegado ao segundo plano. O exemplo citado é prova viva disso. O segundo exemplo bem colocado por você é lugar comum, e acontece com frequência, pois essas atitudes são práticas da condição humana, assim como o da mesquinharia da patroa citada. Se patroa conseguir provar essa prática por suas empregadas, pode ser valer do código penal para coibir tal prática, sendo respaldadas por lei. Agora, para as empregadas não havia lei que a amparasse, sendo destratada de diversas formas, sem lei que a protegesse. Com tal discurso não tô generalizando todas as patroas, mas sim para aquelas que se aproveitava de suas empregadas. Sei que essa mudança não será fácil, pois a empregada terá que se respeitar e não permitir as ações desrespeitosas para fazer valer os seus direitos, entendendo que essa é uma relação de trabalho, deixando de lado o discurso da emoção, geralmente por parte da patroa, para auferir exploração de forma leviana. Há aquela com discurso que a empregada terá que se qualificar, pense, se não pagava o salário mínimo para as ditas não "qualificadas", por isso explorava com salário abaixo do mínimo, imagine agora, elas se qualificando, pode ter certeza que não trabalhará para essas figuras. Lembro-me que no jornais publicavam anúncio no classificado, pedindo empregada doméstica de forno e fogão, algumas vezes exigindo uma segunda língua. Tenho certeza que não era o mínimo que tais patrões estavam pagando. Parece até piada quando escutamos que agora as empregadas terão que se qualificar, rsrsrs. Elas esquecem que qualificação custa caro.

      Bjkas, flor, e volte sempre.

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